sexta-feira, 12 de junho de 2009

CIRCUITO PATATIVA DO ASSARE E MESTRE VEREQUETE

Amigos cineclubistas,

O Cineasta Rosemberg Cariri disponibilizou ao CNC - Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros e a Filmoteca Carlos Vieira os direitos de exibição e cópias de seu último documentário “Patativa do Assaré: Ave Poesia”, recentemente lançado, que traz à tela a vida e a obra de um dos maiores poetas populares brasileiros.Da mesma forma, os documentaristas Luiz Arnaldo Campos e Rogério Parreira disponibilizaram o documentário poético "Chama Verequete" que aborda a vida de Mestre Verequete, personagem fundamental da história do ritmo raiz do Pará, o Carimbó, que legitimou e divulgou pelos quatro cantos o Brasil.

Em contrapartida às generosas ofertas destes cineastas, o CNC e a Filmoteca comprometeram-se a organizar o lançamento e um circuito de exibição destes dois documentários e encaminhar boletins de exibição e relatórios detalhados sobre as exibições dos filmes.

Durante a última reunião da Diretoria do CNC, realizada em Atibaia, SP; deliberou-se que, visando dar maior visibilidade a esta ação, a organização do lançamento e do circuito de exibição destes documentários, que comporão uma única programação, deverá ocorrer e se extender durante todo o próximo mês de julho.

Aos cineclubes participantes serão disponibilizados sem qualquer ônus:
* cópia dos documentários em DVD;
* release básico de divulgação;
* modelo padrão de cartaz, folder e filipeta;
* modelo padrão de boletim-relatório de exibição;

Os Cineclubes interessados em participar do circuito devem preencher a ficha abaixo e encaminhá-la até o dia 20 de junho para o endereço eletrônico:
circuito.patativa@cineclubes.org.br

Relação dos Cineclubes que já confirmaram participação no Circuito Patativa do Assaré & Mestre Verequete

CC ABD Antares - Teresina, PI
CC da ABD&C - RJ - Rio de Janeiro, RJ;
CC Amazonas Douro - Belém, PA;
CC Amoeda Digital - Recife, PE;
CC Bancários - Brasília, DF
CC Baré - Manaus, AM
CC Casa de Cultura de Sorocaba - Sorocaba, SP;
CC Casarão 337 - São Luís, MA;
CC Casarão Universitário - São Luís, MA;
CC Consciência - Jundiaí, SP
CC de Bragança Paulista - Bragança Paulista, SP;
CC do Bom Jardim - Bom Jardim, PE;
CC Embu das Artes - Embu das Artes, SP;
CC Farol - Fortaleza, CE
CC Irmão Sol, Irmã Lua - Ijuí, RS;
CC Juparanã - Linhares, ES
CC Nagetu - Belém, PA;
CC Osvaldo de Oliveira - Itu, SP;
CC Papa-Jaca - Santo Antonio de Jesus, BA
CC Xaréu - Arraial do Cabo, RJ
CC Universitário - São Luis, MA;
Cine Sobremesa - Fortaleza, CE;
Cine Sucupira - Miranorte, TO;
Coletivo do Vídeo Popular - São Paulo, SP;
Crec - Centro Rioclarense de Estudos Cinematográficos - Rio Claro, SP;
Difusão Cineclube - Atibaia, SP;
Instituto Humberto Mauro - Belo Horizonte, MG
Intervenções Humanas - Fortaleza, CE;
Subvercine - Fotaleza, CE;

Confira todas as informações sobre os documetários:
100 anos de PatativaDocumentário de Rosemberg Cariry estreia no dia do centenario do poeta de Assaré. Estréia dia 5 de março, no Espaço Unibanco Dragão do Mar, o documentário “Patativa do Assaré: Ave Poesia”. O entra em cartaz na data do centenario do poeta cearense. O filme é uma produção de Rosemberg Cariry e foi vencedor do 5º Festival de Belém do Cinema Brasileiro.
Neste documentário histórico, o público poderá acompanhar um pouco dos 93 anos de vida e poesia de Patativa do Assaré. Além da imagem “oficial” do poeta, o documentário mostra aspectos do seu trabalho na roça e do cotidiano com a família e os amigos. A narrativa começa com imagens do velório de Patativa, em nove de julho de 2002, e, a partir daí, percorre sua vida, com referências a acontecimentos pessoais e históricos.
“Patativa é mais do que um poeta. Ele representou a figura arquetípica do velho sábio, do grande mestre, a quem sempre prestamos reverência. A poesia, a consciência política e a ética do Patativa são coisas que marcaram a conduta de vida de uma geração”, comenta Cariry.
Desde 1978, que o cineasta cearense vem filmando aspectos da vida de Patativa do Assaré. “Quando estava em Fortaleza, ele ficava lá em casa, onde registrei muitas de suas conversas gostosas. E eu sempre retribuía a visita, indo até Assaré. Tenho mais de 100 horas de filmagens com ele. Registros em Super-8, 16mm, 35mm, U-Martic, Betacam, em todas as bitolas de vídeo e cinema”, conta. Na construção de “Patativa do Assaré - Ave Poesia”, com 84 minutos de duração, Rosemberg Cariry mergulhou em seu arquivo pessoal. “Depois da morte do poeta, passei algum tempo para criar coragem e fazer o filme.

Foi quando me debrucei sobre meu farto material”, diz. “O resultado é um filme onde o Patativa fala e mostra-se em suas dimensões poética, humana e política. Não procurei fazer um grande exercício de linguagem.Não tem nada de inovador na produção. Fiz este filme para o velho mestre, para que as pessoas vejam e compreendam a grandeza de Patativa do Assaré.
Espero que o filme esteja à altura do poeta”, completa. Muitos depoimentos ajudam a construir a imagem de Patativa do Assaré. Ricardo Bezerra, Raimundo Fagner, Fausto Nilo, Oswald Barroso, Amâncio, que conviveram com o poeta, participam do filme com seus depoimentos. A obra é resultado de anos de vivência e pesquisa. Além de depoimentos, imagens documentais de Patativa do Assaré e acontecimentos históricos, são usados registros de jornais, tevê, rádio e muitas apresentações públicas do poeta, em teatros, feiras.

Ficha Técnica
"Patativa do Assaré - Ave Poesia"Título Original: Patativa do Assaré - Ave PoesiaGênero: DocumentárioTempo de Duração: 84 minutosAno de Lançamento (Brasil): 2009Estúdio: Cariri Filmes / Iluminura FilmesDistribuição:Direção: Rosemberg CariryRoteiro: Rosemberg CariryProdução: Petrus Cariry e Teta MaiaMúsica: Patativa do Assaré, Fagner, Fausto Nilo, Mário Mesquita, Ricardo Bezerra, Pingo de Fortaleza e irmãos AnicetoFotografia: Jackson Bantim, Ronaldo Nunes, Beto Bola, Kin, Rivelino Mourão, Luiz Carlos Salatiel e Fernando GarciaEdição: Rosemberg CarirySinopse: O filme aborda a vida e a obra do poeta Patativa do Assaré, destacando a relevância dos seus poemas, o significado político dos seus atos e a sua imensa contribuição à cultura brasileira. Dono de um ritmo poético de musicalidade única, mestre maior da arte da versificação e com um vocabulário que vai do dialeto da língua nordestina aos clássicos da língua portuguesa, Patativa do Assaré é a síntese do saber popular versus saber erudito. Patativa do Assaré consegue, com arte e beleza, unir a denúncia social com o lirismo.

VEREQUETE: A História
A história de Verequete é muito parecida com a história de muitos homens do interior do Pará que deixaram tudo, em seus lugares de origem, para tentar conseguir melhorias de vida na capital do estado.
A diferença, no entanto, é que Verequete, nesta sua “diáspora”, carregou consigo diversos elementos de sua cultura “original” e os reelaborou em um novo contexto, um contexto urbano, construindo uma identidade cultural que lhe acompanha desde muito tempo até os nossos dias. O carimbó é a sua arte de transformação.

O termo "carimbó" aparece em seus primeiros registros como o nome de um instrumento musical de percussão. Sua definição mais antiga consta no Glossário Paraense de Vicente Chermont de Miranda, publicado em 1905.
Conforme Chermont, o carimbó seria um "tambor feito de madeira oca e coberto, em uma de suas extremidades, por um couro de veado". Tal definição, ainda hoje, serve para explicar o formato do instrumento e apresentar suas principais características. No entanto, a palavra carimbó, na atualidade, significa muito mais do que apenas o nome do tambor. Abrange, na verdade, todo um conjunto musical que vai do instrumento à dança. Corresponde a um tipo de manifestação específica de algumas áreas do Pará e mesmo do Maranhão. Ele se caracteriza pela utilização de dois tambores (carimbós), que deram nome à música e à dança, além de outros instrumentos próprios como a onça (nome local dado à cuíca), o reco-reco (instrumento dentado feito de bambu) ou a viola. Existe também uma variante musical do carimbó que possui o mesmo nome (chamado de "carimbó eletrônico"), mas que, ao invés da marcação rítmica com os tambores característicos, utiliza uma bateria eletrônica e guitarras.
A história de Verequete é muito parecida com a história de muitos homens do interior do Pará que deixaram tudo, em seus lugares de origem, para tentar conseguir melhorias de vida na capital do estado. A diferença, no entanto, é que Verequete, nesta sua “diáspora”, carregou consigo diversos elementos de sua cultura “original” e os reelaborou em um novo contexto, um contexto urbano, construindo uma identidade cultural que lhe acompanha desde muito tempo até os nossos dias. O carimbó é a sua arte de transformação. Na verdade, sua música não pode ser considerada como um carimbó típico. Trata-se de um “ponto cantado” que é acompanhado pelos instrumentos do carimbó, ao invés dos tradicionais atabaques. Além disso, em “Chama Verequete”, como em outros “pontos” reinterpretados por Verequete, não há o acompanhamento musical feito por instrumentos de sopro (clarinete ou flauta), tal como é comum na prática do carimbó. O mesmo acontece com os “pontos” “Balanço do mar” e “A sereia”. “Chama Verequete” é iniciado com a vibração intensa de dois maracás, enquanto se inicia a invocação da entidade.

Augusto Gomes Rodrigues, o mestre Verequete, nasceu em um lugar conhecido por "Careca" que fica localizado próximo à Vila de Quatipuru, no município de Bragança, no Pará, em 26 de agosto de 1926. Seu pai, Antônio José Rodrigues, era oficial de justiça, marchante de gado e músico. Sua mãe, Maximiana Gomes Rodrigues, faleceu quando Verequete tinha apenas três anos de idade. Tal acontecimento antecedeu a primeira migração de Verequete para outro município. Ele, juntamente com seu pai, passou a residir no município de Ourém. Aos doze anos de idade mudou-se sozinho para Capanema, onde trabalhou como foguista, e em 1940 chegou a Belém, indo morar em Icoaraci (antiga Vila de Pinheiro). Neste período, Verequete trabalhou como ajudante de capataz na Base Aérea da cidade e subiu de posto até chegar a ser ajudante de agrimensor. Quando deixou de trabalhar na Base, Verequete exerceu outras atividades para garantir sua subsistência. Foi arremate de vísceras, açougueiro, marchante de porco e outros, no entanto a experiência de trabalho na Base Aérea marcaria para sempre sua vida, pois foi durante este trabalho que ele perdeu seu nome original, Augusto Gomes Rodrigues, e passou a ser identificado como Verequete.
Por trás deste nome tão diferente existe uma história muito interessante que pode ser contada pelo próprio Augusto Gomes Rodrigues, ou Verequete. Uma história que ele não se cansa de contar:
“Eu gostava de uma moça; então ela me convidou para ir ao batuque que eu nunca tinha visto. Umas certas horas da madrugada o Pai de Santo cantou "Chama Verequete". Eu era capataz da Base Aérea de Belém, na época da construção, cheguei na hora do almoço e contei a história do batuque... Quando acabei de contar, me chamaram de Verequete”.
Chama Verequete, ê, ê, ê, ê / Chama Verequete, ô, ô, ô, ô

Chama Verequete, ruuuum / Chama Verequete...
Chama Verequete, oh! Verê / Oi, chama Verequete, oh! Verê
Ogum balailê, pelejar, pelejar / Ogum, Ogum, tatára com Deus
Guerreiro Ogum, tatára com Deus / Mamãe Ogum, tatára com Deus
Aruanda, aruanda, aruanda, aruanda ê / Mandei fazer meu terreiro
bem na beirinha do mar / mandei fazer meu terreiro
só pra mim brincarPor Luiz Augusto Pinheiro Leal / Revista RAIZ
Ficha Técnica"Chama Verequete"Título Original: Chama VerequeteGênero: DocumentárioTempo de Duração: 18 minutos, corAno de Lançamento (Brasil): 2002Direção e Roteiro: Luiz Arnaldo Campos e Rogério ParreiraProdução Executiva: Marcia MacêdoAssistente de Direção: Rubens ShinkaiFotografia: Marcelo BrasilDireção de Arte: Armando QueirozSom: Nicolas HalletMúsica e Montagem: Paulo LeitePrêmios: Menção Honrosa - Festival de Curitiba 2002Melhor Música (Curta 35mm) - Festival de Gramado 2002
Sinopse: Documentário poético sobre Mestre Verequete, personagem fundamental da história do ritmo raiz do Pará, o Carimbó, que legitimou e divulgou pelos quatro cantos do Brasil.Participe também da
Campanha pelo Registro do Carimbó como Patrimônio Cultural do BrasilPrezad@s;Estamos enviando a vocês em anexo a Carta-Manifesto da Campanha pelo Registro do Carimbó como Patrimônio Cultural do Brasil, cujo texto segue logo abaixo.Esta campanha é uma iniciativa discutida e aprovada pelos mestres e produtores culturais presentes no 2º Encontro dos Mestres de Carimbó e no Seminário Cultural promovidos durante o 5º Festival de Carimbó de Santarém Novo, realizado nesta cidade em dezembro de 2006.A proposta foi apresentada ao IPHAN pela Irmandade de Carimbó de São Benedito, uma centenária entidade de cultura tradicional de Santarém Novo, com o objetivo de provocar as instituições públicas de cultura e a sociedade em geral para o debate e o reconhecimento do Carimbó como componente essencial da identidade popular paraense, amazônida e brasileira.Pedimos o seu apoio para a divulgação e a coleta de assinaturas desta carta-manifesto, que será anexada ao processo do pedido oficial junto ao IPHAN, manifestando assim a vontade da sociedade em ver o carimbó reconhecido e registrado como patrimônio imaterial de nosso país.As assinaturas coletadas poderão ser entregues via correio no seguinte endereço: Irmandade de Carimbó São Benedito, Tv São Sebastião, 206, Centro, CEP 68720-000, Santarém Novo/PA.Agradecemos profundamente sua colaboração e aguardamos propostas de outras ações que possam contribuir para o sucesso de nossa campanha.Cordialmente,Isaac Loureiro Irmandade de Carimbó São Benedito(91) 9998-5321CARTA-MANIFESTOPELO REGISTRO DO CARIMBó COMO PATRIMôNIO CULTURAL DO BRASILNós, abaixo-assinados, mestres e integrantes de grupos de Carimbó, produtores e gestores culturais, artistas, pesquisadores, educadores, comunicadores sociais, representantes do poder público e de entidades da sociedade civil organizada, assumindo e reafirmando a idéia lançada no Seminário Cultural ?Carimbó como Patrimônio Cultural do Brasil? e no II Encontro dos Mestres de Carimbó realizados nos dias 16 e 17 de dezembro de 2006 durante o 5º Festival de Carimbó de Santarém Novo/PA, vimos através deste manifestar nossa vontade de ter o Carimbó registrado como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, considerando a importância desta manifestação cultural tradicional como componente essencial na formação e afirmação da identidade do povo brasileiro, amazônida e paraense, em especial nas comunidades do litoral atlântico do Pará onde surgiu e se mantém há mais de um século. Nesse sentido, pedimos também o comprometimento do MINC e do IPHAN com esta Campanha, em parceria com a SECULT e o Governo do Pará, viabilizando recursos financeiros e técnicos para a realização do Inventário de Referências Culturais do Carimbó com ativa participação das comunidades, passo necessário para o processo do registro.
Saskia SáDiretora de Memória do CNC
Coordenadora do Circuito Patativa do Assaré & Mestre Verequete

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