terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Dia do Fotógrafo Parabéns para todos

No dia do fotógrafo o Núcleo de Produção Fotógrafo José Medeiros parabeniza a tod@s  lembrando esse grande fotógrafo e piauiense José Medeiros que dar nome ao nosso Núcleo.



Quando pensamos na consolidação da fotografia editorial no Brasil, impossível não lembrarmos da produção de José Medeiros, fotógrafo nordestino que poderíamos chamar de um dos pais do fotojornalismo brasileiro. José Medeiros (1921-1990), nascido em Teresina (PI), apaixonou-se pela fotografia aos 12 anos de idade e aos 25, já integrava a equipe da revista O Cruzeiro, onde fez história.


Medeiros brilhou entre as décadas de 1940 e 1950. Era ágil, tinha alma de repórter e seu olhar diferenciado carregava um repertório rico em referências. Assinava várias revistas estrangeiras de fotografia e acompanhava as Life e Paris Match, as grandes publicações em fotoreportagens da época. As imagens de Medeiros mesclavam o instantâneo do fotojornalismo e a imagem rebuscada através do enquadramento e composição.


Sempre revolucionário, Medeiros achava a câmara utilizada pela revista O Cruzeiro, uma Rolleiflex de filme médio formato, sem agilidade para as suas pautas. Assim, escondido da chefia, usava uma Leica com filmes de 35 mm e entregava as ampliações no formato quadrado da Rolleiflex.


Medeiros foi  homenageado na França com duas grandes exposições que fazem um panorama de sua trajetória. Na Maison de l’Amérique Latine, em Paris, 160 fotografias estão na exposição José Medeiros – Chroniques brésiliennes. No início de outubro, também em Paris, abre a mostra Candomblé na Maison Européenne de la Photographie.


As fotografias das duas exposições estão reunidas no livro Chroniques brésiliennes, publicado pela importante editora francesa Hazan em parceria com o Instituto Moreira Salles (IMS), local que guarda todo o acervo de José Medeiros.


Neste post, mostramos algumas fotografias que estão na exposição Chroniques brésiliennes e três fotos da mais importante, e talvez polêmica, reportagem de Medeiros. Em 15 de setembro de 1951, Medeiros publicou na O Cruzeiro uma história sobre os rituais em terreiros de candomblé em Salvador com imagens de cerimônias secretas.


A matéria “As noivas dos deuses sanguinários” foi a resposta ao furo que a francesa Paris Match deu semanas antes com a reportagem “Les possédée de Bahia”, também feita sobre rituais. Há sessenta anos atrás, tudo isso foi motivo de muita polêmica e repercussão entre estudiosos, antropólogos e o mundo do candomblé baiano.



Para a fotografia brasileira, ficou um dos mais ricos documentários fotográficos e motivo de estudos jornalísticos e acadêmicos. Em 1957, o ensaio foi publicado em livro e reeditado em 2009. No mesmo ano, o antropólogo Fernando de Tacca publicou a pesquisa Imagens do Sagrado, resgatando toda a história da ida de José Medeiros a Salvador para fazer essa reportagem histórica.

Texto: Alexandre Belém
Publicado em 05/10/2011 revista VEJA

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